"Está a tentar chocar-me com a descrição nua e cru do que eu fiz. Não vai resultar. Superei o meu choque há algum tempo. Agora, a minha mentira, o passo extremo que dei, é simplesmente parte da minha vida, como tudo o resto: o meu amor por ti, a minha verdadeira provação às mãos de uma mulher cujo nome já não sei, este relógio de pedra à minha frente com um sol sorridente pintado no centro."
Sophie Hannah em "Intimidade Perigosa"
Desculpem, mas é apenas mais uma passagem que não resisti a mostrar aqui. Simplesmente, não podia adequar-se mais à realidade. Grande livro, mesmo, uma grandeza presente nestes textos que é muito rara.
Espremendo Borbulhas
domingo, 26 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Chegar a Ti
"Lembro-me de quase tudo o que me disseste ao longo do último ano. Talvez se conseguisse que me ocorresse a expressão certa, a frase ideal, ela me levasse directamente a ti e te acordasse da mentira que pensas que te preguei e que adormeceu algo que sempre fomos. Não acredito verdadeiramente em tudo isto, mas continuo a passar tudo em revista na minha cabeça, à cautela."
Sophie Hannah, "Intimidade Perigosa"
Sophie Hannah, "Intimidade Perigosa"
Nojo, Leite, Hóquei, Coquilha, Trajouce, 19
Uma das coisas que mais me dizem quando revelo a alguém o nome do meu blogue é: "o quê?? que nojo!!"
Pois bem, hoje decidi fazer justiça a esse tipo de comentários. Por isso, se são pessoas facilmente impressionáveis e que preferem não compreender a realidade da história que aí vem, não espremam esta borbulha!
Bom, já aqui vos falei do meu amigo João Leite, aquele rei das pistas de dança desse país chamado Portugal. O João Leite joga hóquei-em-patins comigo. Para quem não sabe, todos os jogadores de hóquei-em-patins devem usar um objecto chamado "coquilha", uma espécie de pequeno triângulo de plástico, bastante rijo e resistente, que é colocado nas chamadas "cuecas de coquilha", peças de roupa criadas especificamente para o referido objecto, munidas de uma bolsa mesmo à frente das joías da coroa dos jogadores.
Ora bem, ontem, o João Leite não ia treinar, mas eu ia. No entanto, esqueci-me da minha cueca de coquilha em casa e pergunteilhe: "Leite, visto que não vais treinar, emprestas-me a tua cueca de coquilha?" ele hesitou e depois confirmou o empréstimo. Foi buscar a cueca e quando ma deu, a mesma apresentava-se molhada, amachucada, enrolada, suja e imunda, tudo mazelas referentes ao último treino que tinha sido há dois dias atrás. Franzi o nariz, encarei a coisa com normalidade e peguei na cueca com as pontinhas dos dedos. Quando as vesti, tive uma sensação fresquinha e suja ao mesmo tempo, mas enfim, lá treinei com as cuecas do Leite sujas e imundas, e não morri. Afinal, somos todos amigos, bebemos todos das mesmas águas, limpamo-nos todos à mesma toalha quando vamos ao banco em pleno jogo, qual é o problema de usar as mesmas cuecas?? Não é bem a mesma coisa, eu sei, estava só a tentar eufemizar a questão.
O que importa reter deste último parágrafo é o gesto pouco cavalheiro que o Leite cometeu ao dar-me as cuecas naquele estado. Hoje, é dia de treino novamente e eu já tive oportunidade de me vingar. Fica aqui a troca de mensagens que efectuei hoje com ele:
Pedro: "Meu, pus a tua cueca de coquilha para lavar. Tens outra?"
Leite: "Não, lol"
Pedro: "Ok, eu levo-te uma minha."
Leite: "Obrigado Bebé"
Pedro: "Só há um pequeno problema: é que o cheiro dos meus genitais é muito forte e como é óbvio as cuecas de coquilha já ficaram todas com esse cheiro. Com o avançar do treino, o teu suor vai misturar-se e intensificar esse cheiro e à tua volta vai ficar um fedor muito forte, perceptível a todas as pessoas que estão à tua volta. A esse fedor podemos facilmente chamar "aroma de Trajouce" (*). Tens algum problema com isso?"
Leite: "Estou preparado para tudo"
Pedro: "Muito bem, só mais um conselho, mete repelente antes do treino! Os insectos às vezes também são um problema"
Leite: "Bolas, só espero que não tenhas passado isso para a minha cueca também!"
Pedro: "É bem provável, mas habituas-te!"
Tenho a certeza que depois do treino de hoje, a minha amizade com o Leite vai ficar muito melhor!
E depois desse treino há festa lá em casa!! 19 anos de muita aventura e de muita risada!! Obrigado a todos pelos parabéns, pelas mensagens, pelo vídeo (http://www.hugoopinto.blogspot.com/), por quem passou o dia comigo e a todos os que vão estar logo à noite em minha casa. 19 anos muito bem vividos. Sou feliz e recomendo-me.
(*) Trajouce: Localidade do concelho de Cascais conhecida por ter uma lixeira que emana um incomodativo cheiro num raio de 50 km.
Pois bem, hoje decidi fazer justiça a esse tipo de comentários. Por isso, se são pessoas facilmente impressionáveis e que preferem não compreender a realidade da história que aí vem, não espremam esta borbulha!
Bom, já aqui vos falei do meu amigo João Leite, aquele rei das pistas de dança desse país chamado Portugal. O João Leite joga hóquei-em-patins comigo. Para quem não sabe, todos os jogadores de hóquei-em-patins devem usar um objecto chamado "coquilha", uma espécie de pequeno triângulo de plástico, bastante rijo e resistente, que é colocado nas chamadas "cuecas de coquilha", peças de roupa criadas especificamente para o referido objecto, munidas de uma bolsa mesmo à frente das joías da coroa dos jogadores.
Ora bem, ontem, o João Leite não ia treinar, mas eu ia. No entanto, esqueci-me da minha cueca de coquilha em casa e pergunteilhe: "Leite, visto que não vais treinar, emprestas-me a tua cueca de coquilha?" ele hesitou e depois confirmou o empréstimo. Foi buscar a cueca e quando ma deu, a mesma apresentava-se molhada, amachucada, enrolada, suja e imunda, tudo mazelas referentes ao último treino que tinha sido há dois dias atrás. Franzi o nariz, encarei a coisa com normalidade e peguei na cueca com as pontinhas dos dedos. Quando as vesti, tive uma sensação fresquinha e suja ao mesmo tempo, mas enfim, lá treinei com as cuecas do Leite sujas e imundas, e não morri. Afinal, somos todos amigos, bebemos todos das mesmas águas, limpamo-nos todos à mesma toalha quando vamos ao banco em pleno jogo, qual é o problema de usar as mesmas cuecas?? Não é bem a mesma coisa, eu sei, estava só a tentar eufemizar a questão.
O que importa reter deste último parágrafo é o gesto pouco cavalheiro que o Leite cometeu ao dar-me as cuecas naquele estado. Hoje, é dia de treino novamente e eu já tive oportunidade de me vingar. Fica aqui a troca de mensagens que efectuei hoje com ele:
Pedro: "Meu, pus a tua cueca de coquilha para lavar. Tens outra?"
Leite: "Não, lol"
Pedro: "Ok, eu levo-te uma minha."
Leite: "Obrigado Bebé"
Pedro: "Só há um pequeno problema: é que o cheiro dos meus genitais é muito forte e como é óbvio as cuecas de coquilha já ficaram todas com esse cheiro. Com o avançar do treino, o teu suor vai misturar-se e intensificar esse cheiro e à tua volta vai ficar um fedor muito forte, perceptível a todas as pessoas que estão à tua volta. A esse fedor podemos facilmente chamar "aroma de Trajouce" (*). Tens algum problema com isso?"
Leite: "Estou preparado para tudo"
Pedro: "Muito bem, só mais um conselho, mete repelente antes do treino! Os insectos às vezes também são um problema"
Leite: "Bolas, só espero que não tenhas passado isso para a minha cueca também!"
Pedro: "É bem provável, mas habituas-te!"
Tenho a certeza que depois do treino de hoje, a minha amizade com o Leite vai ficar muito melhor!
E depois desse treino há festa lá em casa!! 19 anos de muita aventura e de muita risada!! Obrigado a todos pelos parabéns, pelas mensagens, pelo vídeo (http://www.hugoopinto.blogspot.com/), por quem passou o dia comigo e a todos os que vão estar logo à noite em minha casa. 19 anos muito bem vividos. Sou feliz e recomendo-me.
(*) Trajouce: Localidade do concelho de Cascais conhecida por ter uma lixeira que emana um incomodativo cheiro num raio de 50 km.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Perdoa-me Santini
Sim, é verdade. Durante anos e anos critiquei quem fazia lanches infinitos na Gelataria Santini de Cascais, quem aguardava infindáveis minutos naquela fila gigantesca para comer um daqueles gelados, quem dizia que não havia gelados como aqueles. Durante um longo período contrariei todos estes ditos, todas estas teorias. Mas agora, agora confesso, estou rendido àqueles gelados. Tem sido dia sim dia não. Às 16:00, a seguir ao almoço, saio do escritório e faço cerca de 150 passos até àquela gelataria e delicio a mistura chocolate e framboesa duma forma digna de ser o novo anúncioda Herbal Essences. E todos eles são tão simpácticos, tão sorridentes, tão acolhedores. Enfim, já me podem convidar para ir comer um gelado ao Santini.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Coisas da Carequisse
Como todos vocês sabem, sou jogador de hóquei-em-patins há alguns anos. Desde o ínicio desta época tenho acompanhado a equipa Senior do Cascais, clube onde jogo, em virtude da lesão de um dos guarda-redes dessa equipa. (aaahh, pois, é que eu ainda sou junior.. mas faço 19 aninhos na quarta-feira e tal.. não obviamente que não estou a dizer isto só para ver se me enchem o blogue de comentários originais de parabéns.. não, claro que não).
Ora bem, manda a tradição, ou pelo menos eles disseram que sim, já que lhes convinha, que uma estreia na equipa referida implica um corte de cabelo original. Apesar de ter tido pena do que fizeram ao meu rico cabelinho, não posso deixar de admitir que foi um momento emocionante e acolhedor quando todos os membros da equipa, um por um, pegaram numa tesoura e cortaram uma pequena porção de cabelo, desejando-me depois muito boa sorte e dando-me as boas vindas à equipa. Logo depois disto, veio o holocausto total, o Carlitos pegou na sua máquina zero e eu rendi-me e entreguei-lhe a tutela de todo o meu cabelo. O mesmo desenhou um "X" no meu cabelo com a sua máquina (foto disponível brevemente). E lá fui eu para o jogo com aquele belo penteado chamado "bocados-de-cabelo-soltos-um-pouco-por-toda-a-cabeça". Mentes mais originais chegaram ainda a dizer-me que a minha cabeça parecia o símbolo do Trivial Pursuit. Ao entrar no campo, perante um pavilhão cheio, os dedos a apontarem para mim e frases como "olhó maluqinho" foram constantes, afinal, o último dos moicanos estava presente no pavilhão. No final do jogo, o Carlitos acabou o trabalhinho, e deixou-me completamente careca. Nunca me tinha visto assim, sinto tudo com muito mais intensidade. A água e o ar especialmente, penetram-me na cabeça duma forma íncrivel. De salientar que não havia um único espelho no balneário e portanto eu não me cheguei a ver com "bocados-de-cabelo-soltos-um-pouco-por-toda-a-cabeça", nem careca. Ao passar a mão na cabeça, estranhamente parecia que apenas tinha sido cortado com máquina 3 ou 4. Mas não, chegado ao hotel, enfrentei a realidade e passei de Pedro Gonçalves a Vladimir Yordanov.
Bom, mas o que vos venho contar é que não fazia ideia que a língua portuguesa nos reservava tantas piadolas e frases engraçadas sobre quando nos cortam o cabelo e ficamos carecas. Nos últimos dias, fui então abordado das seguintes maneiras:
"eeeehhh lá, o ar condicionado estava assim tão forte??"
"Então pá? Adormeceste na cadeira do barbeiro??"
"A polícia já encontrou o cabelo fugitivo?"
"Heil Hitler"
"Arrancaram-te a peruca?"
"Estás a fazer anúncio a alguma marca de cotonetes?"
Como sou uma pessoa com um humor algo mórbido, muitas vezes me apeteceu responder:
"Não, tenho mesmo cancro"
Sei que não se deve brincar com estas coisas, mas digam lá que não seria delicioso ver as caras destas pessoas depois de eu dizer isto?? Seria pois!
Aceitam-se mais piadolas sobre a carequisse neste blogue. Brevemente brindo-vos com as fotos de quando estava com "bocados-de-cabelo-soltos-um-pouco-por-toda-a-cabeça".
Ora bem, manda a tradição, ou pelo menos eles disseram que sim, já que lhes convinha, que uma estreia na equipa referida implica um corte de cabelo original. Apesar de ter tido pena do que fizeram ao meu rico cabelinho, não posso deixar de admitir que foi um momento emocionante e acolhedor quando todos os membros da equipa, um por um, pegaram numa tesoura e cortaram uma pequena porção de cabelo, desejando-me depois muito boa sorte e dando-me as boas vindas à equipa. Logo depois disto, veio o holocausto total, o Carlitos pegou na sua máquina zero e eu rendi-me e entreguei-lhe a tutela de todo o meu cabelo. O mesmo desenhou um "X" no meu cabelo com a sua máquina (foto disponível brevemente). E lá fui eu para o jogo com aquele belo penteado chamado "bocados-de-cabelo-soltos-um-pouco-por-toda-a-cabeça". Mentes mais originais chegaram ainda a dizer-me que a minha cabeça parecia o símbolo do Trivial Pursuit. Ao entrar no campo, perante um pavilhão cheio, os dedos a apontarem para mim e frases como "olhó maluqinho" foram constantes, afinal, o último dos moicanos estava presente no pavilhão. No final do jogo, o Carlitos acabou o trabalhinho, e deixou-me completamente careca. Nunca me tinha visto assim, sinto tudo com muito mais intensidade. A água e o ar especialmente, penetram-me na cabeça duma forma íncrivel. De salientar que não havia um único espelho no balneário e portanto eu não me cheguei a ver com "bocados-de-cabelo-soltos-um-pouco-por-toda-a-cabeça", nem careca. Ao passar a mão na cabeça, estranhamente parecia que apenas tinha sido cortado com máquina 3 ou 4. Mas não, chegado ao hotel, enfrentei a realidade e passei de Pedro Gonçalves a Vladimir Yordanov.
Bom, mas o que vos venho contar é que não fazia ideia que a língua portuguesa nos reservava tantas piadolas e frases engraçadas sobre quando nos cortam o cabelo e ficamos carecas. Nos últimos dias, fui então abordado das seguintes maneiras:
"eeeehhh lá, o ar condicionado estava assim tão forte??"
"Então pá? Adormeceste na cadeira do barbeiro??"
"A polícia já encontrou o cabelo fugitivo?"
"Heil Hitler"
"Arrancaram-te a peruca?"
"Estás a fazer anúncio a alguma marca de cotonetes?"
Como sou uma pessoa com um humor algo mórbido, muitas vezes me apeteceu responder:
"Não, tenho mesmo cancro"
Sei que não se deve brincar com estas coisas, mas digam lá que não seria delicioso ver as caras destas pessoas depois de eu dizer isto?? Seria pois!
Aceitam-se mais piadolas sobre a carequisse neste blogue. Brevemente brindo-vos com as fotos de quando estava com "bocados-de-cabelo-soltos-um-pouco-por-toda-a-cabeça".
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Vai uma borbulha lamechas e pensativa?
Vai pois. Sabiam que eu tenho uma soulsister? É verdade. Não sabia da existência de tal pessoa, mas por íncrivel que pareça fui eu que descobri essa mesma existência no estado mais inconsciente possível. E não é que a brincadeira pegou? Sabem aquela pessoa com quem falam de qualquer coisa e até ficam parvos quando se apercebem que entre vocês não há qualquer tabu, qualquer assunto proibido, qualquer hora proibida para comunicar? Sabem aquela pessoa que conhecem há 3 meses mas com quem são capazes de fazer 1500 km porque sabem que cada km vai ser diferente e inesquecível? Têm alguém assim? Então é o vosso soulbrother ou soulsister. Este conceito teve o íncrivel patrocínio da nova música dos Train que não pára de invadir todas as rádios.
Bom, mas venho falar-vos dela porquê? Porque ela acabou de me mandar uma das suas mensagens grandes em que me conta mais um episódio da vida dela e desenvolve mais um dos seus belos raciocínios. Antes da parte séria, vem a parte em que ela diz "ver um filme contigo torna-o mil vezes mais cómico do que com outra pessoa qualquer", bom, vejam portanto a qualidade da minha companhia. Mas agora vem aquela parte da mensagem que eu poderia ter lido da forma mais banal possível.. "mais um devaneio sobre a sua vida amorosa", mas não, fez todo o sentido, deixou-me rendido. Espremam então esta borbulha juntamente comigo:
"A ida ao cinema? Correu mais ou menos. No final tivemos "A CONVERSA". Aquela em que eu digo que não quero assumir nada, que não quero relações, que não tenho tempo para estar numa relação. E sabes o que me irrita?? Foi a mesma conversa que tu tiveste com a ***, e a mesma conversa do *** para mim, e a mesma conversa minha para o ***. E sabes? Essa conversa toda seria facilmente substituída por um "não me apaixonei por ti". Mas como é muito cruel dizer isso, desculpamo-nos com o não ter tempo e ter saído de uma relação complicada e blá blá blá. Bullshit. Simplesmente, quando nos apaixonamos esquecemos estas merdas todas e fazemos trinta por uma linha para estar com essa pessoa."
Digam lá que não é verdade? Sejamos sinceros e poupemos no latim. A vida é curta demais para rodeios. (meu deus, foi profunda esta.)
Bom, mas venho falar-vos dela porquê? Porque ela acabou de me mandar uma das suas mensagens grandes em que me conta mais um episódio da vida dela e desenvolve mais um dos seus belos raciocínios. Antes da parte séria, vem a parte em que ela diz "ver um filme contigo torna-o mil vezes mais cómico do que com outra pessoa qualquer", bom, vejam portanto a qualidade da minha companhia. Mas agora vem aquela parte da mensagem que eu poderia ter lido da forma mais banal possível.. "mais um devaneio sobre a sua vida amorosa", mas não, fez todo o sentido, deixou-me rendido. Espremam então esta borbulha juntamente comigo:
"A ida ao cinema? Correu mais ou menos. No final tivemos "A CONVERSA". Aquela em que eu digo que não quero assumir nada, que não quero relações, que não tenho tempo para estar numa relação. E sabes o que me irrita?? Foi a mesma conversa que tu tiveste com a ***, e a mesma conversa do *** para mim, e a mesma conversa minha para o ***. E sabes? Essa conversa toda seria facilmente substituída por um "não me apaixonei por ti". Mas como é muito cruel dizer isso, desculpamo-nos com o não ter tempo e ter saído de uma relação complicada e blá blá blá. Bullshit. Simplesmente, quando nos apaixonamos esquecemos estas merdas todas e fazemos trinta por uma linha para estar com essa pessoa."
Digam lá que não é verdade? Sejamos sinceros e poupemos no latim. A vida é curta demais para rodeios. (meu deus, foi profunda esta.)
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Pombos
Sabem quando estamos a conduzir e vemos um pombo mesmo à frente do carro, a fugir em milimétricos passinhos e abanar a cabeça como uma avestruz?
É claro que sabem, acontece todos os dias. Nós continuamos a andar devagarinho, como se fossemos um assassino psicopata, agarrados com toda a força ao volante e com os olhos esbugalhados. Mas fazemos isto porque sabemos que eles vão sempre acabar por fugir.
Hoje, um dos pombos não fugiu. E lentamente o meu Lancia perfurou as entranhas deste animal que por vezes faz de carteiro. Na altura em que o atropelei não me apercebi do desastre que ocorrera. Continuei a avançar com o carro cerca de 200 metros e estacionei. Saí do carro, coloquei o meu habitual saco da Rebook ao ombro, e caminhei de volta ao sítio onde a minha vida criminal tinha acabado de começar.
Olho para a frente e vejo um aglomerado de pessoas a fazer uma pequena roda em volta de algo que estava claramente estendido no chão. A minha boca abre-se mostrando o seu diâmetro de 3 metros e a sua dupla campainha mesmo por trás do céu da boca. O saco da Rebook escorrega pelo ombro e depois pelo meu braço e bate no chão, num movimento perpétuo e profundo. Começo a correr, a respiração está ofegante, o slow motion está activo e os meus músculos chocam uns com os outros numa dança violenta ao som da minha corrida.
Chego ao local e os meus braços afastam os transeuntes curiosos. A minha boca deita o ar cá para fora como se não quisesse mais respirar e os meus olhos começam a encher-se de incredibilidade. O pombo está vivo, tem uma asa partida e o seu pescoço roda na minha direcção. O último fólego está prestes a chegar e os seus olhos estão em sintonia com os meus. Consigo perceber um "agradece à União Columbófila do Zambujal tudo o que fez por mim, e diz à Sra. Pomba que gosto muito dela." Consegui ver um pombo "homem-de-negócios", gerente de uma qualquer rede multi-nacional de correio, o típico chefe de família. De certeza que haverá amanhã grandes homenagens a este pombo.
Começa a chover. Toda a gente se afasta, excepto eu. A chuva encharca-me em poucos segundos. Olho para o céu e faço o típico "NAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOO"
Fim, enfim, mais um devaneio cinematográfico.
Dedicado a todos aqueles que são ignorantes e que não percebem o propósito de certos seres vivos no nosso planeta. E ainda àqueles que acham que os pombos não passam de seres irritantes e que adoram pontapear os grandes aglomerados de pombos que há nas ruas. E ainda àqueles cuja existência é ainda mais desprezível e escusada que a de um simples pombo.
Autch, sim é para ti. Sempre ouvi que os pombos eram animais que passavam aos humanos todas as doenças e mais algumas... Perdeste a moral para falar de pombos.
É claro que sabem, acontece todos os dias. Nós continuamos a andar devagarinho, como se fossemos um assassino psicopata, agarrados com toda a força ao volante e com os olhos esbugalhados. Mas fazemos isto porque sabemos que eles vão sempre acabar por fugir.
Hoje, um dos pombos não fugiu. E lentamente o meu Lancia perfurou as entranhas deste animal que por vezes faz de carteiro. Na altura em que o atropelei não me apercebi do desastre que ocorrera. Continuei a avançar com o carro cerca de 200 metros e estacionei. Saí do carro, coloquei o meu habitual saco da Rebook ao ombro, e caminhei de volta ao sítio onde a minha vida criminal tinha acabado de começar.
Olho para a frente e vejo um aglomerado de pessoas a fazer uma pequena roda em volta de algo que estava claramente estendido no chão. A minha boca abre-se mostrando o seu diâmetro de 3 metros e a sua dupla campainha mesmo por trás do céu da boca. O saco da Rebook escorrega pelo ombro e depois pelo meu braço e bate no chão, num movimento perpétuo e profundo. Começo a correr, a respiração está ofegante, o slow motion está activo e os meus músculos chocam uns com os outros numa dança violenta ao som da minha corrida.
Chego ao local e os meus braços afastam os transeuntes curiosos. A minha boca deita o ar cá para fora como se não quisesse mais respirar e os meus olhos começam a encher-se de incredibilidade. O pombo está vivo, tem uma asa partida e o seu pescoço roda na minha direcção. O último fólego está prestes a chegar e os seus olhos estão em sintonia com os meus. Consigo perceber um "agradece à União Columbófila do Zambujal tudo o que fez por mim, e diz à Sra. Pomba que gosto muito dela." Consegui ver um pombo "homem-de-negócios", gerente de uma qualquer rede multi-nacional de correio, o típico chefe de família. De certeza que haverá amanhã grandes homenagens a este pombo.
Começa a chover. Toda a gente se afasta, excepto eu. A chuva encharca-me em poucos segundos. Olho para o céu e faço o típico "NAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOO"
Fim, enfim, mais um devaneio cinematográfico.
Dedicado a todos aqueles que são ignorantes e que não percebem o propósito de certos seres vivos no nosso planeta. E ainda àqueles que acham que os pombos não passam de seres irritantes e que adoram pontapear os grandes aglomerados de pombos que há nas ruas. E ainda àqueles cuja existência é ainda mais desprezível e escusada que a de um simples pombo.
Autch, sim é para ti. Sempre ouvi que os pombos eram animais que passavam aos humanos todas as doenças e mais algumas... Perdeste a moral para falar de pombos.
A Selecção
Quantos de vocês, aí desse lado, fazem ideia que durante esta semana está uma selecção nacional a representar Portugal no Euro 2010 em Hóquei-em-patins???? Dois? Três??
Quantos de vocês preferiram ver a nojenta vergonha que é a nossa selecção de futebol a levar um autêntico baile dos noruegueses em vez de darem um bocado de valor a outros desportos que tanto sucesso trazem a Portugal?
Hmmm, poderá haver uma razão válida, é que de facto os jogos de Hóquei estão a dar na RTP2 e a RTP2 não conta.
Eu acho que chega de polémicas e de palhaçadas, de casos e mais casos e de pouco futebol. Tanto dinheiro investido numa equipa que só traz é vergonha para o nosso país. Aos aficcionados pela nossa selecçãozinha de futebol e que não vêm mais nada à frente a não ser esse fracasso total, tenho algumas coisas para vos dizer:
Futebol - Comitiva levada para a África do Sul - cerca de 60 pessoas.
Hóquei - Comitiva levada para a Alemanha - cerca de 20 pessoas.
Querem que comece a navegar por conversas de patrocínios, de dinheiros e de luxos absurdos? Não vale a pena pois não?
Futebol - Portugal 0-0 Costa do Marfim
Portugal 7-0 Coreia do Norte
Portugal 0-0 Brasil
Portugal 0-1 Espanha
Hóquei - Portugal 4-1 Itália
Portugal 14-1 Inglaterra
Portugal 5-1 Alemanha
A nossa selecção vai agora para os quartos-de-final. Deixem de ser limitados e acompanhem quem honra como deve ser o nosso país. Eu falo do hóquei porque é a minha causa mas pretendo que isto seja lido em nome de todas as outras modalidades que para a maioria dos portugueses não existem.
Quartos de Final - Portugal X Áustria, hoje à noite em directo na RTP 2
Quantos de vocês preferiram ver a nojenta vergonha que é a nossa selecção de futebol a levar um autêntico baile dos noruegueses em vez de darem um bocado de valor a outros desportos que tanto sucesso trazem a Portugal?
Hmmm, poderá haver uma razão válida, é que de facto os jogos de Hóquei estão a dar na RTP2 e a RTP2 não conta.
Eu acho que chega de polémicas e de palhaçadas, de casos e mais casos e de pouco futebol. Tanto dinheiro investido numa equipa que só traz é vergonha para o nosso país. Aos aficcionados pela nossa selecçãozinha de futebol e que não vêm mais nada à frente a não ser esse fracasso total, tenho algumas coisas para vos dizer:
Futebol - Comitiva levada para a África do Sul - cerca de 60 pessoas.
Hóquei - Comitiva levada para a Alemanha - cerca de 20 pessoas.
Querem que comece a navegar por conversas de patrocínios, de dinheiros e de luxos absurdos? Não vale a pena pois não?
Futebol - Portugal 0-0 Costa do Marfim
Portugal 7-0 Coreia do Norte
Portugal 0-0 Brasil
Portugal 0-1 Espanha
Hóquei - Portugal 4-1 Itália
Portugal 14-1 Inglaterra
Portugal 5-1 Alemanha
A nossa selecção vai agora para os quartos-de-final. Deixem de ser limitados e acompanhem quem honra como deve ser o nosso país. Eu falo do hóquei porque é a minha causa mas pretendo que isto seja lido em nome de todas as outras modalidades que para a maioria dos portugueses não existem.
Quartos de Final - Portugal X Áustria, hoje à noite em directo na RTP 2
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
9 Meses
Não vou dizer que há pessoas a espremerem borbulhas em todo o lado, a encherem baldes de pus em toda a parte, a desfilarem nuas mostrando as suas crostas provenientes de borbulhas coçadas. Não. Passaram 9 meses e o espremedor está novamente de volta depois de mais um interregno.
Durante 9 meses tive tanta coisa para vos contar... mas acabei por me esquecer, porque todos os anos compro uma agenda e todos os anos lhe passo cartão até dia 3 de Janeiro...
A minha vida mudou durante 9 meses, enquanto uma mãe espera por um filho, a minha vida mudou. Se vos darei conta dessas mudanças? Não sei, também não me parece que vos interesse muito, mas a pica para escrever voltou em grande e não quis deixar de responder à provocação da minha querida colega d' "O Sítio da Marta"
Para vos dar apenas uma recompensa de todos estes dias, semanas, meses sem uma única borbulha espremida, deixo-vos uma história:
Estava eu no meu super-bote, o meu "super-rodado" lancia, com esse grande ícone das pistas de dança de Portugal, João Leite, quando sentimos uma vibração assustadora a invadir as nossas cabeças e a estremecer os nossos corpos. As pessoas olhavam todas para o céu, as árvores começavam a abanar, uma boca de incêndio rebentou e vários vidros se estilhaçaram em pedaços.
As sirenes começaram a ecoar pelas ruas e os cães ladravam raivosos.
De repente, a razão de todo aquele holocausto passou, fazendo estalar as velhas chapas do meu Lancia... Um grande labrego, de nacionalidade portuguesa, com o seu carro que não conseguia manter um movimento coerente, devido a todo aquele frenesim provocado pelo grande sistema de som que aquele carro transportava. A música, essa, era barulho, eram "fritanços", eram pastilhas, era a Júlia Pinheiro a fazer um exame pélvico, era ensurdecedor. O carro passava lentamente, parando tudo e todos. Apresentava um brilho digno de um produto acabado de sair da fábrica, recolhia e devolvia com estilo qualquer raio de luz que embatesse naquela bonita chapa cinza-claro e o condutor tinha todas as condições para olhar para a gaja mais boa do seu campo de visão, piscar o olho, apontar o dedo indicador e fazer um "catchá"!
E depois?
Depois tinha uma daquelas cenas todas "badjourass" para tapar o sol, que se metem nos vidros de trás para as crianças (COM VENTOSAS!!!) com o inocente patrocínio do Winnie The Pooh.
Credibilidade? Nenhuma.
Durante 9 meses tive tanta coisa para vos contar... mas acabei por me esquecer, porque todos os anos compro uma agenda e todos os anos lhe passo cartão até dia 3 de Janeiro...
A minha vida mudou durante 9 meses, enquanto uma mãe espera por um filho, a minha vida mudou. Se vos darei conta dessas mudanças? Não sei, também não me parece que vos interesse muito, mas a pica para escrever voltou em grande e não quis deixar de responder à provocação da minha querida colega d' "O Sítio da Marta"
Para vos dar apenas uma recompensa de todos estes dias, semanas, meses sem uma única borbulha espremida, deixo-vos uma história:
Estava eu no meu super-bote, o meu "super-rodado" lancia, com esse grande ícone das pistas de dança de Portugal, João Leite, quando sentimos uma vibração assustadora a invadir as nossas cabeças e a estremecer os nossos corpos. As pessoas olhavam todas para o céu, as árvores começavam a abanar, uma boca de incêndio rebentou e vários vidros se estilhaçaram em pedaços.
As sirenes começaram a ecoar pelas ruas e os cães ladravam raivosos.
De repente, a razão de todo aquele holocausto passou, fazendo estalar as velhas chapas do meu Lancia... Um grande labrego, de nacionalidade portuguesa, com o seu carro que não conseguia manter um movimento coerente, devido a todo aquele frenesim provocado pelo grande sistema de som que aquele carro transportava. A música, essa, era barulho, eram "fritanços", eram pastilhas, era a Júlia Pinheiro a fazer um exame pélvico, era ensurdecedor. O carro passava lentamente, parando tudo e todos. Apresentava um brilho digno de um produto acabado de sair da fábrica, recolhia e devolvia com estilo qualquer raio de luz que embatesse naquela bonita chapa cinza-claro e o condutor tinha todas as condições para olhar para a gaja mais boa do seu campo de visão, piscar o olho, apontar o dedo indicador e fazer um "catchá"!
E depois?
Depois tinha uma daquelas cenas todas "badjourass" para tapar o sol, que se metem nos vidros de trás para as crianças (COM VENTOSAS!!!) com o inocente patrocínio do Winnie The Pooh.
Credibilidade? Nenhuma.
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esse país cheio de riquezas,
Portugal
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Hino ao Reconhecimento
Em tempos de cólera, sabe bem receber o reconhecimento, os louros de todo o esforço que fazemos por alguém no dia-a-dia. O reconhecimento, esse gajo que eu acho tão essencial na minha vida e que me queixava de raramente o receber. Desde o ínicio de 2010, tenho-o recebido de muita boa gente e por vezes de pessoas que não esperava, de todo. As saudades apertaram e aqueles que eu pensava já me terem esquecido voltaram, em grande. Aqueles que estão bem presentes marcaram ainda melhor a sua posição. Este mês está a ser complicado. Sozinho, estaria a ser um mês mau. Acompanhado, está a ser um mês complicado, mas bom. Assim, obrigado:
- Marta Garcia e Catarina Queiroz, pelo café, pela(s) hora(s) de conversa que tivémos, por puxarem por mim e me fazerem falar, coisa que eu gosto tanto em conversas de rara essência.
- Ana Miranda, por me lembrares como eu sou grande!
- David Vasques por todos os dias te observar atentamente e todos os dias ficar um pouco mais orgulhoso da pessoa em que estás a tornar.
- Rodrigo Murteira, pela irmandade, pelas idas ao nosso santuário dos milhões, pelas risadas, pelas noitadas de msn.. voltaste em grande.
- Cláudia Ribeiro, por tudo.
- Sara Coelho, pela mensagem gigante que me mandaste na despedida, por me teres ensinado grande parte das coisas que aprendi nos cinemas e por perceberes tão bem quando preciso de ti para me rir um bocadinho.
- Paulo Fernandes, por ultimamente teres sido o meu segundo paizinho, tens estado em todas as alturas, nunca me esquecerei disso.
- Joana Vasques, pela grande companhia em que te tornaste.
- Sara Queiroz, pelos miminhos e pela tarde que deu para matar tantas saudades.
- André Pires, pelas parvoíces e merdas que dizes, a vida teria outra cor se não as dissesses.
- Aos 3 Vilhenas, pela ajuda arriscada que me prestaram e por tudo o que fizeram por mim no passado, que faz com que estejam comigo agora, no futuro.
- Dama Zaida, pelo sorriso amigo que tens sempre para me mostrar e por me fazeres acreditar que tudo vai ficar bem. Ah e agora que tenho a mania que toco guitarra, não posso esquecer quem me apresentou verdadeiramente este instrumento!
- Hugo Pinto, o grande amigo ancião, aquele que mais sábios conselhos tem para dar, aquele que mais piadas tem para mandar, a melhor companhia que se podia pedir para uma noite de risada. A este grande amigo, posso também agradecer o texto que fez sobre mim e que gostava de partilhar com vocês, o mesmo publicado no único e exímio blog: http://www.hugoopinto.blogspot.com/, visitem, serão melhores pessoas se o fizerem:
Peter O'Gonçalves
Este texto revela a minha opinião pessoal sobre o assunto, não manifestando o parecer da pessoa em questão ou de outros indivíduos.
O Pedro é uma boa pessoa. Ultimamente tenho duvidado de muita coisa, de muitas pessoas, de muitos amigos e de muitas crenças, mas o Pedro é, digam o que disserem, uma boa pessoa. É certo que revela alguns lapsos nalgumas coisas, que de vez em quando me tiram do sério, mas no geral e nas alturas certas, o Pedro é uma boa pessoa.
O Pedro é daquelas pessoas que faz tudo o que esteja ao seu alcance para ajudar um amigo seu, tal como eu exijo de um amigo. O Pedro é daquelas pessoas que sabe dar valor a um amigo, daquelas pessoas que sabe onde estar no momento certo, e, acima de tudo, uma pessoa que sabe agradecer e pedir desculpa.
O Pedro merece tudo de bom que lhe tem acontecido recentemente, principalmente no fim no ano passado e no início deste, retirou um peso de toneladas que carregava sobre as costas e abriu o coração e o espírito para coisas novas que só lhe tem dado a ganhar. O Pedro na passagem de ano embebedou-se, e é um bêbado daqueles que leva as coisas para o nível pessoal, tal como seria de esperar, do género:
Hugo – Vá Pedro, vamos para outro sítio…
Pedro – Porquê?! Eu agora quero estar aqui, eu estive quando vocês quiseram e agora não podem ficar aqui porquê?
O Pedro convidou um casal da Nazaré a ir ao seu cinema à borla, quando estes nos ofereceram maçãs à janela. Ah, e o Pedro ia sendo agredido por uma nazarena depois de eu ter apalpado o cu à rapariga e ficar a olhar para ele como se fosse ele o culpado. O Pedro é o tipo de rapaz que levava a chapada e era capaz de se rir. Debaixo de uma chuva torrencial, o Pedro subiu um banco de madeira enquanto levava com a chuva directamente na cara e no resto do corpo ensopado enquanto cantava uma música qualquer que eu agora não me lembro.
O Pedro é um alarve, mas isso não é escândalo para ninguém. Este extraordinário ser já me ouviu a masturbar uma rapariga e já me ouviu a fazer sexo. Num dos casos teve o bom senso de começar a cantar uma canção romântica, ou por estar bêbado, ou por ser assim mesmo. No outro caso simulou fielmente que dormia, fazendo os barulhos incomodativos que faz sempre que dorme.
O Pedro é das únicas pessoas do grupo que alinha nas minhas ideias completamente disparatadas, tais como decidirmos à meia-noite dormir na casa um do outro. O Pedro fez-me regressar a vontade de comer estrelitas à noite.
O Pedro está a passar por uma boa fase da sua vida e merece-o. Merecia atirar o passado para trás e recomeçar. Parabéns pela oportunidade que se abriu, e o meu desejo é que a aproveites,
Amigo.
Acho que estão dados os agradecimentos todos, se me esqueci de alguém, peço desculpa. Foi sem querer, aceito reclamações.
Desculpem esta borbulha mais lamechas que tive de espremer, mas já não podia com ela...
Brevemente irei presetear-vos com mais baboseiras!
Beijos e abraços!
- Marta Garcia e Catarina Queiroz, pelo café, pela(s) hora(s) de conversa que tivémos, por puxarem por mim e me fazerem falar, coisa que eu gosto tanto em conversas de rara essência.
- Ana Miranda, por me lembrares como eu sou grande!
- David Vasques por todos os dias te observar atentamente e todos os dias ficar um pouco mais orgulhoso da pessoa em que estás a tornar.
- Rodrigo Murteira, pela irmandade, pelas idas ao nosso santuário dos milhões, pelas risadas, pelas noitadas de msn.. voltaste em grande.
- Cláudia Ribeiro, por tudo.
- Sara Coelho, pela mensagem gigante que me mandaste na despedida, por me teres ensinado grande parte das coisas que aprendi nos cinemas e por perceberes tão bem quando preciso de ti para me rir um bocadinho.
- Paulo Fernandes, por ultimamente teres sido o meu segundo paizinho, tens estado em todas as alturas, nunca me esquecerei disso.
- Joana Vasques, pela grande companhia em que te tornaste.
- Sara Queiroz, pelos miminhos e pela tarde que deu para matar tantas saudades.
- André Pires, pelas parvoíces e merdas que dizes, a vida teria outra cor se não as dissesses.
- Aos 3 Vilhenas, pela ajuda arriscada que me prestaram e por tudo o que fizeram por mim no passado, que faz com que estejam comigo agora, no futuro.
- Dama Zaida, pelo sorriso amigo que tens sempre para me mostrar e por me fazeres acreditar que tudo vai ficar bem. Ah e agora que tenho a mania que toco guitarra, não posso esquecer quem me apresentou verdadeiramente este instrumento!
- Hugo Pinto, o grande amigo ancião, aquele que mais sábios conselhos tem para dar, aquele que mais piadas tem para mandar, a melhor companhia que se podia pedir para uma noite de risada. A este grande amigo, posso também agradecer o texto que fez sobre mim e que gostava de partilhar com vocês, o mesmo publicado no único e exímio blog: http://www.hugoopinto.blogspot.com/, visitem, serão melhores pessoas se o fizerem:
Peter O'Gonçalves
Este texto revela a minha opinião pessoal sobre o assunto, não manifestando o parecer da pessoa em questão ou de outros indivíduos.
O Pedro é uma boa pessoa. Ultimamente tenho duvidado de muita coisa, de muitas pessoas, de muitos amigos e de muitas crenças, mas o Pedro é, digam o que disserem, uma boa pessoa. É certo que revela alguns lapsos nalgumas coisas, que de vez em quando me tiram do sério, mas no geral e nas alturas certas, o Pedro é uma boa pessoa.
O Pedro é daquelas pessoas que faz tudo o que esteja ao seu alcance para ajudar um amigo seu, tal como eu exijo de um amigo. O Pedro é daquelas pessoas que sabe dar valor a um amigo, daquelas pessoas que sabe onde estar no momento certo, e, acima de tudo, uma pessoa que sabe agradecer e pedir desculpa.
O Pedro merece tudo de bom que lhe tem acontecido recentemente, principalmente no fim no ano passado e no início deste, retirou um peso de toneladas que carregava sobre as costas e abriu o coração e o espírito para coisas novas que só lhe tem dado a ganhar. O Pedro na passagem de ano embebedou-se, e é um bêbado daqueles que leva as coisas para o nível pessoal, tal como seria de esperar, do género:
Hugo – Vá Pedro, vamos para outro sítio…
Pedro – Porquê?! Eu agora quero estar aqui, eu estive quando vocês quiseram e agora não podem ficar aqui porquê?
O Pedro convidou um casal da Nazaré a ir ao seu cinema à borla, quando estes nos ofereceram maçãs à janela. Ah, e o Pedro ia sendo agredido por uma nazarena depois de eu ter apalpado o cu à rapariga e ficar a olhar para ele como se fosse ele o culpado. O Pedro é o tipo de rapaz que levava a chapada e era capaz de se rir. Debaixo de uma chuva torrencial, o Pedro subiu um banco de madeira enquanto levava com a chuva directamente na cara e no resto do corpo ensopado enquanto cantava uma música qualquer que eu agora não me lembro.
O Pedro é um alarve, mas isso não é escândalo para ninguém. Este extraordinário ser já me ouviu a masturbar uma rapariga e já me ouviu a fazer sexo. Num dos casos teve o bom senso de começar a cantar uma canção romântica, ou por estar bêbado, ou por ser assim mesmo. No outro caso simulou fielmente que dormia, fazendo os barulhos incomodativos que faz sempre que dorme.
O Pedro é das únicas pessoas do grupo que alinha nas minhas ideias completamente disparatadas, tais como decidirmos à meia-noite dormir na casa um do outro. O Pedro fez-me regressar a vontade de comer estrelitas à noite.
O Pedro está a passar por uma boa fase da sua vida e merece-o. Merecia atirar o passado para trás e recomeçar. Parabéns pela oportunidade que se abriu, e o meu desejo é que a aproveites,
Amigo.
Acho que estão dados os agradecimentos todos, se me esqueci de alguém, peço desculpa. Foi sem querer, aceito reclamações.
Desculpem esta borbulha mais lamechas que tive de espremer, mas já não podia com ela...
Brevemente irei presetear-vos com mais baboseiras!
Beijos e abraços!
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
"Olá eu sou o Pedro e a minha família está a beira do colapso" "OLAAAA PEDROOOOO"
A minha família foi burlada aqui há coisa de 2 ou 3 anos em cerca de 25000€, por um gordo estúpido que toca trompete e era contabilista do meu pai.
A minha família era feliz antes disto. A minha mãe tinha ataques de riso e o meu pai dizia piadas secas. Costumavam sair os dois para passear e apesar de por vezes se notar nitidamente que tinha havido uma pequena chatice, o amor entre eles era inegável aos olhos de qualquer pessoa. Hoje, assistem, impotentes, à destruição do seu casamento que começou no dia em que o senhor gordo que toca trompete decidiu armar-se em esperto e roubar dinheiro à minha família através de vários esquemas. Os meus pais vivem com sonhos frustrados que lhes pesam na díficil e pesada carapaça que transportam, mas são os melhores pais do mundo e tanto a minha mãe no meio dos trapos como o meu pai no meio dos canos nunca perderam a integridade na exerção das suas funções, sempre foram pessoas honestas e hoje podem orgulhar-se do património que construiram para um dia deixarem para mim e para os meus irmãos. Juntos e sozinhos construiram a mais bela casa em que eu já estive. Deram-me a melhor infância que eu poderia ter pedido, assim como a melhor educação e incutaram em mim os mais importantes valores.
Agora, não conseguem manter a integridade e discutem por causa de problemas originados por causa do que aquele senhor decidiu fazer. O meu pai tem provas do que ele fez, mas desde há dois anos para cá que vivemos com os tostões contados, a puxar dali e daqui, a pedir a este e àquele. Mas que sentido faz isso se nós temos provas? Para que é que precisamos da otária da nossa advogada se nós temos provas daquilo que aconteceu? Porque é que depois de pagarmos a dívida que tinhamos de 25000 € ao estado e todos os custos que o processo já exigiu, ainda temos que pagar mais 650€ e mesmo assim não sabemos se vamos ganhar e reaver o dinheiro... A minha mãe tem uma cliente que é advogada e que há pouco tempo, num caso idêntico, defendeu um senhor que fez o mesmo que o gordo do trompete e ele ganhou.. Essa senhora dorme descansada à noite? Os gordos do trompete merecem defesa depois de fazer isto? Não deveria haver uma lei qualquer que obrigasse os advogados a denunciar os seus clientes? O objectivo não é saber a verdade? Então porque é que passamos a vida a contorná-la?
No outro dia a minha mãe disse-me que está farta e cansada disto. Gritou ao dizer isto. Apeteceu-me chorar. E chorei. Se o tribunal não fizer justiça, não terei eu legitimidade para ir em busca dela? Se estes sistema de merda que encobre os filhos da puta todos tem legitimidade para os encobrir, porque é que eu e os meus irmãos não a temos para os desencobrir? Alguém me responde?
O meu pai anda nervoso e insuportável... a minha mãe insuportável e nervosa anda. Faltam-me as energias.
Ontem imaginei o dia do julgamento. Imaginei olhar o gordo do trompete nos olhos. Imaginei perguntar-lhe duas ou três coisas e depois imaginei que ele iria sair ilibado. Conseguem imaginar o que vem a seguir? Eu não quero.
Para 2010, por favor, só peço mesmo que a minha mãe volte a sorrir, que o meu pai volte a dizer piadas secas, que voltem ambos a ser o amor da vida um do outro e que nos paguem aquilo a que temos direito.
Uma borbulha que tinha de ser espremida. Para aqueles que me conhecem, não me perguntem sobre isto, façam de conta que isto é um blogue de um desconhecido.
A minha família era feliz antes disto. A minha mãe tinha ataques de riso e o meu pai dizia piadas secas. Costumavam sair os dois para passear e apesar de por vezes se notar nitidamente que tinha havido uma pequena chatice, o amor entre eles era inegável aos olhos de qualquer pessoa. Hoje, assistem, impotentes, à destruição do seu casamento que começou no dia em que o senhor gordo que toca trompete decidiu armar-se em esperto e roubar dinheiro à minha família através de vários esquemas. Os meus pais vivem com sonhos frustrados que lhes pesam na díficil e pesada carapaça que transportam, mas são os melhores pais do mundo e tanto a minha mãe no meio dos trapos como o meu pai no meio dos canos nunca perderam a integridade na exerção das suas funções, sempre foram pessoas honestas e hoje podem orgulhar-se do património que construiram para um dia deixarem para mim e para os meus irmãos. Juntos e sozinhos construiram a mais bela casa em que eu já estive. Deram-me a melhor infância que eu poderia ter pedido, assim como a melhor educação e incutaram em mim os mais importantes valores.
Agora, não conseguem manter a integridade e discutem por causa de problemas originados por causa do que aquele senhor decidiu fazer. O meu pai tem provas do que ele fez, mas desde há dois anos para cá que vivemos com os tostões contados, a puxar dali e daqui, a pedir a este e àquele. Mas que sentido faz isso se nós temos provas? Para que é que precisamos da otária da nossa advogada se nós temos provas daquilo que aconteceu? Porque é que depois de pagarmos a dívida que tinhamos de 25000 € ao estado e todos os custos que o processo já exigiu, ainda temos que pagar mais 650€ e mesmo assim não sabemos se vamos ganhar e reaver o dinheiro... A minha mãe tem uma cliente que é advogada e que há pouco tempo, num caso idêntico, defendeu um senhor que fez o mesmo que o gordo do trompete e ele ganhou.. Essa senhora dorme descansada à noite? Os gordos do trompete merecem defesa depois de fazer isto? Não deveria haver uma lei qualquer que obrigasse os advogados a denunciar os seus clientes? O objectivo não é saber a verdade? Então porque é que passamos a vida a contorná-la?
No outro dia a minha mãe disse-me que está farta e cansada disto. Gritou ao dizer isto. Apeteceu-me chorar. E chorei. Se o tribunal não fizer justiça, não terei eu legitimidade para ir em busca dela? Se estes sistema de merda que encobre os filhos da puta todos tem legitimidade para os encobrir, porque é que eu e os meus irmãos não a temos para os desencobrir? Alguém me responde?
O meu pai anda nervoso e insuportável... a minha mãe insuportável e nervosa anda. Faltam-me as energias.
Ontem imaginei o dia do julgamento. Imaginei olhar o gordo do trompete nos olhos. Imaginei perguntar-lhe duas ou três coisas e depois imaginei que ele iria sair ilibado. Conseguem imaginar o que vem a seguir? Eu não quero.
Para 2010, por favor, só peço mesmo que a minha mãe volte a sorrir, que o meu pai volte a dizer piadas secas, que voltem ambos a ser o amor da vida um do outro e que nos paguem aquilo a que temos direito.
Uma borbulha que tinha de ser espremida. Para aqueles que me conhecem, não me perguntem sobre isto, façam de conta que isto é um blogue de um desconhecido.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Pedro Gonçalves e a Senha Perdida
Cascais, 14:31, Pedro Gonçalves entra no Departamento das Finanças.
Com o meu capacete numa mão, a pastinha noutra e com um autêntico atentado no lábio superior que parece um aglomerado de crostas amarelas causado pelo herpes mas não é porque eu não padeço dessa irritante doença, dirijo-me elegantemente até à simpáctica máquina de senhas do estabelecimento onde estou e preparo-me para carregar num qualquer botão: o meu conjunto de movimentos elegantes é interrompido quando me deparo com dez botões para tirar dez senhas possíveis. Páro durante cinco segundos a olhar para a máquina. Olho de esguelha para trás de mim e tenho um senhor a soprar ar da boca violentamente. Pressão, muita pressão. Por cima da máquina está um quadro que explica o fim de cada senha, mas explica da forma mais eloquente, irritante e selectiva que já vi! Ao ler na diagonal lá descubro algo parecido com o que eu queria e carrego no botão.
Num movimento simples a máquina cospe a minha nova amiga, o ser que me irá acompanhar numa espera de longos e infindáveis minutos. Pego na senha, F36, e sento-me numa das 40 ou 50 cadeiras que lá estão colocadas. A primeira impressão que temos quando olhamos para este conjunto de cadeiras com pessoas sentadas a olhar todas para o mesmo sítio é que está a ser exibido um qualquer espectáculo, mas não, as pessoas estão todas a olhar para um ecrã que mostra o número em que vai cada tipo de senha e que vai passando imagens das mais belas paisagens de Portugal. O problema disto tudo é que cada vez que um tipo de senha avança um número, ecoa pela sala inteira um barulho irritante que se eu estivesse a falar descreveria como "taranran". Ora se existem cerca de 15 funcionários para 10 tipos de senhas, e cada um desses 15 funcionários não hesitam em enviar 2 ou 3 "taranrans" cada vez que o dono da senha demora mais de 2 segundos a acusar-se, o Pedro irrita-se.
Recorro então ao meu telemóvel com MP3 e ouço "tararans" bem mais agradáveis. É então nesta altura que me sento sossegadamente e tenho oportunidade de observar todo o conteúdo interessante que aquela sala contém, enquanto vão passando pela minha cabeça as divagações mais ridículas e estapafúrdias, daquelas que quando acabam, voltamos a nós, abanamos a cabeça e percebemos que estávamos a olhar para uma parede branca.
Começo então o circo das finanças:
- seja qual for o tipo de senha que cada pessoa tenha, vai sempre achar que o tipo de senha dela é o único que não avança mesmo que esta tenha constantes "taranrans" e então fazem ar de chateados, levantam-se e dão meia-volta, esbafejam e esperneiam, cruzam e descruzam a perna, abrem os braços e olham nos olhos da pessoa do lado, franzindo o sobrolho e encolhendo os ombros à procura de um sócio para aquela insatisfação;
- há funcionários que em vez de estarem agarrados ao teclado estãol agarrados à lima das unhas;
- há um senhor que não tem vergonha de olhar com ar de predador sexual para uma senhora;
- há uma rapariga dos "Morangos Com Açucar" na sala e toda a gente a olha de alto a baixo;
- suspeito que a mesma rapariga me está a tentar engatar;
- o meu capacete cai no chão e uma todas as velhotas num raio de 2 km do epicentro da queda borram as cuecas.
- há, a partir daquele momento, uma senhora que me odeia e me lança olhares assustadores pois acabei de acordar o bebé que tanto lhe custou a adormecer.
- cada vez que alguém que acabou de entrar se dirige a um dos balcões, há sempre alguém que a persegue com os olhos, garantindo que a mesma pessoa não tenta passar à frente.
- há um senhor que está a falar de negócios com outro, mas não reparam que estão a falar em voz alta, e riem-se estupidamente de piadas que ninguém percebe. Após se aperceberem que tudo olha para eles sem se rir, recompõem-se fazem silêncio.
- há um senhor no balcão atrás de mim que está a ser atendido desde que eu cheguei. Eu cheguei à meia-hora. O senhor é gago.
Acaba o circo e volto à realidade. São 15:02. Está no F34, quando eu cheguei estava no F32. Suspiro bem fundo, levo a cabeça até perto dos joelhos e passo as mãos na minha semi-careca. Ao fazer isto, dou pela falta de algo, algo que era bem bonito, que estava nas minhas mãos, uma amiga, uma companheira... A MINHA SENHAAAA!!!!!!! Em movimentos robóticos dou chapadas em todo o meu tronco, levo as mãos à cabeça e às orelhas! O meu cérebro projecta cenários assustadores em que eu estou a implorar à mais horrenda e antipáctica funcionária para me deixar ser o F36 e ela diz um "não" com voz distorcida seguido de uma gargalhada malévola.
As minhas mãos percorrem todos os bolsos da minha roupa, há vários papelinhos com textura idêntica à da senha que me induzem em erro. Apercebo-me que a senha não está mesmo comigo. "onde raio meti a senha enquanto estava a ver o circo?"
Olho para os lados. Na cadeira do lado esquerdo tenho a minha espécie de "roulotte" que me acompanha sempre. A mala do portátil, o blusão e o capacete. Começo a vasculhar nestes três elementos, desesperado por encontrar aquele papelinho quadrado e branco! Quase que deixo cair o capacete e sou automaticamente ameaçado pela senhora com criança de colo. Termino a minha busca com o blusão por cima da cadeira o capacete no chão e a mala do portátil desfigurada. Olho para o outro lado e está uma senhora sentada, cuja cara se encaixava perfeitamente no público das "Tardes da Júlia" e que tem um sorriso cínico e escondido na cara. Observo-a com um olhar ameaçador e ela não se desmancha, olho para todo o seu corpo e não há um único detalhe suspeito, mas a sua cara transmite claramente a seguinte mensagem "otário, mal ele sabe onde está a senha".
Olho para o chão, para debaixo de todos os bancos e nada. Decido ir à estúpida da máquina outra vez e carrego na senha F... F48... Engulo em seco e guardo qualquer reacção explosiva para mim mesmo. Recrimino-me e espanco-me psicologicamente: "como é que eu fui perder a senha??" aquele bem essencial para resistir a um estabelecimento da função pública, o papelinho que eu apertava com toda a força sempre, mesmo sendo no talho, ou que guardava no bolso do casaco que tem fecho-écler e mesmo assim verificava a presença da senha de 30 em 30 segundos.
A caminho de volta para o meu lugar e a pensar no que vou fazer, na 1º fila da plateia dos "taranrans" está um papelinho quadrado, do mesmo tamanho de um senha, com letras pretas e gordas, que dizem "F36"aos pés de um dos homens negócios que falam em voz alta... páro, respiro fundo, reviro os olhos, arrepio-me e preparo-me para me agachar, apanhando a senha e mostrando-a depois ao senhor, não fazendo mais nada do que um simples sorriso. Ouço um "taranran". Os dois senhores executam um pequeno sobressalto e levantam-se. Um deles pisa a senha e quando volta a levantar o ´pé a senha já lá não está. Eu estico o braço e gaguejo. Fico a olhar para o pé do senhor a andar, com um F36 sorridente a acenar-me por baixo do mesmo. Tenho tendência a segui-lo doentiamente. Esqueço as fantasias e vou atrás do senhor. Calmamente, abordo-o, com um olho nele e outro na senhora de sorriso psicótico que está ao lado dos meus bens pessoais:
- Desculpe, pode só levantar o pé?
- Desculpe? (o seu colega faz nitidamente um grande esforço para não desmanchar a rir)
- Só preciso que levante o pé, mais nada. (dei por mim a falar à CSI, parecia que se tratava de um crime e não de uma senha)
- Mas porquê?
- É que a minha senha estava no chão, ao pé de si, e você pisou-a.
- Ahahah, a sério? Agora mesmo?
- -_-. Sim. Posso só então arrancar a senha do seu sapato? (digo isto como se uma espátula fosse precisa. Está toda a gente a olhar para mim e eu estou vermelho.)
O homem levanta o pé, eu ajoelho-me e arranco a senha que sofre mazelas durante a cirurgia. Com um sorriso, agradeço ao senhor e sigo triunfantemente para o meu lugar. Ignoro que a senha esteve 2 minutos numa sola de sapato imunda, e agarro-a com toda a força. Cinco minutos mais e deu-se o meu "taranran". Sou atendido. Saio das finanças e vou em direcção à minha mota. Tento lembrar-me do que tinha acabado de fazer e não tenho nada na memória que me indique que dei a senha à funcionária.
Meto a mão no bolso.
A senha está lá.
Com o meu capacete numa mão, a pastinha noutra e com um autêntico atentado no lábio superior que parece um aglomerado de crostas amarelas causado pelo herpes mas não é porque eu não padeço dessa irritante doença, dirijo-me elegantemente até à simpáctica máquina de senhas do estabelecimento onde estou e preparo-me para carregar num qualquer botão: o meu conjunto de movimentos elegantes é interrompido quando me deparo com dez botões para tirar dez senhas possíveis. Páro durante cinco segundos a olhar para a máquina. Olho de esguelha para trás de mim e tenho um senhor a soprar ar da boca violentamente. Pressão, muita pressão. Por cima da máquina está um quadro que explica o fim de cada senha, mas explica da forma mais eloquente, irritante e selectiva que já vi! Ao ler na diagonal lá descubro algo parecido com o que eu queria e carrego no botão.
Num movimento simples a máquina cospe a minha nova amiga, o ser que me irá acompanhar numa espera de longos e infindáveis minutos. Pego na senha, F36, e sento-me numa das 40 ou 50 cadeiras que lá estão colocadas. A primeira impressão que temos quando olhamos para este conjunto de cadeiras com pessoas sentadas a olhar todas para o mesmo sítio é que está a ser exibido um qualquer espectáculo, mas não, as pessoas estão todas a olhar para um ecrã que mostra o número em que vai cada tipo de senha e que vai passando imagens das mais belas paisagens de Portugal. O problema disto tudo é que cada vez que um tipo de senha avança um número, ecoa pela sala inteira um barulho irritante que se eu estivesse a falar descreveria como "taranran". Ora se existem cerca de 15 funcionários para 10 tipos de senhas, e cada um desses 15 funcionários não hesitam em enviar 2 ou 3 "taranrans" cada vez que o dono da senha demora mais de 2 segundos a acusar-se, o Pedro irrita-se.
Recorro então ao meu telemóvel com MP3 e ouço "tararans" bem mais agradáveis. É então nesta altura que me sento sossegadamente e tenho oportunidade de observar todo o conteúdo interessante que aquela sala contém, enquanto vão passando pela minha cabeça as divagações mais ridículas e estapafúrdias, daquelas que quando acabam, voltamos a nós, abanamos a cabeça e percebemos que estávamos a olhar para uma parede branca.
Começo então o circo das finanças:
- seja qual for o tipo de senha que cada pessoa tenha, vai sempre achar que o tipo de senha dela é o único que não avança mesmo que esta tenha constantes "taranrans" e então fazem ar de chateados, levantam-se e dão meia-volta, esbafejam e esperneiam, cruzam e descruzam a perna, abrem os braços e olham nos olhos da pessoa do lado, franzindo o sobrolho e encolhendo os ombros à procura de um sócio para aquela insatisfação;
- há funcionários que em vez de estarem agarrados ao teclado estãol agarrados à lima das unhas;
- há um senhor que não tem vergonha de olhar com ar de predador sexual para uma senhora;
- há uma rapariga dos "Morangos Com Açucar" na sala e toda a gente a olha de alto a baixo;
- suspeito que a mesma rapariga me está a tentar engatar;
- o meu capacete cai no chão e uma todas as velhotas num raio de 2 km do epicentro da queda borram as cuecas.
- há, a partir daquele momento, uma senhora que me odeia e me lança olhares assustadores pois acabei de acordar o bebé que tanto lhe custou a adormecer.
- cada vez que alguém que acabou de entrar se dirige a um dos balcões, há sempre alguém que a persegue com os olhos, garantindo que a mesma pessoa não tenta passar à frente.
- há um senhor que está a falar de negócios com outro, mas não reparam que estão a falar em voz alta, e riem-se estupidamente de piadas que ninguém percebe. Após se aperceberem que tudo olha para eles sem se rir, recompõem-se fazem silêncio.
- há um senhor no balcão atrás de mim que está a ser atendido desde que eu cheguei. Eu cheguei à meia-hora. O senhor é gago.
Acaba o circo e volto à realidade. São 15:02. Está no F34, quando eu cheguei estava no F32. Suspiro bem fundo, levo a cabeça até perto dos joelhos e passo as mãos na minha semi-careca. Ao fazer isto, dou pela falta de algo, algo que era bem bonito, que estava nas minhas mãos, uma amiga, uma companheira... A MINHA SENHAAAA!!!!!!! Em movimentos robóticos dou chapadas em todo o meu tronco, levo as mãos à cabeça e às orelhas! O meu cérebro projecta cenários assustadores em que eu estou a implorar à mais horrenda e antipáctica funcionária para me deixar ser o F36 e ela diz um "não" com voz distorcida seguido de uma gargalhada malévola.
As minhas mãos percorrem todos os bolsos da minha roupa, há vários papelinhos com textura idêntica à da senha que me induzem em erro. Apercebo-me que a senha não está mesmo comigo. "onde raio meti a senha enquanto estava a ver o circo?"
Olho para os lados. Na cadeira do lado esquerdo tenho a minha espécie de "roulotte" que me acompanha sempre. A mala do portátil, o blusão e o capacete. Começo a vasculhar nestes três elementos, desesperado por encontrar aquele papelinho quadrado e branco! Quase que deixo cair o capacete e sou automaticamente ameaçado pela senhora com criança de colo. Termino a minha busca com o blusão por cima da cadeira o capacete no chão e a mala do portátil desfigurada. Olho para o outro lado e está uma senhora sentada, cuja cara se encaixava perfeitamente no público das "Tardes da Júlia" e que tem um sorriso cínico e escondido na cara. Observo-a com um olhar ameaçador e ela não se desmancha, olho para todo o seu corpo e não há um único detalhe suspeito, mas a sua cara transmite claramente a seguinte mensagem "otário, mal ele sabe onde está a senha".
Olho para o chão, para debaixo de todos os bancos e nada. Decido ir à estúpida da máquina outra vez e carrego na senha F... F48... Engulo em seco e guardo qualquer reacção explosiva para mim mesmo. Recrimino-me e espanco-me psicologicamente: "como é que eu fui perder a senha??" aquele bem essencial para resistir a um estabelecimento da função pública, o papelinho que eu apertava com toda a força sempre, mesmo sendo no talho, ou que guardava no bolso do casaco que tem fecho-écler e mesmo assim verificava a presença da senha de 30 em 30 segundos.
A caminho de volta para o meu lugar e a pensar no que vou fazer, na 1º fila da plateia dos "taranrans" está um papelinho quadrado, do mesmo tamanho de um senha, com letras pretas e gordas, que dizem "F36"aos pés de um dos homens negócios que falam em voz alta... páro, respiro fundo, reviro os olhos, arrepio-me e preparo-me para me agachar, apanhando a senha e mostrando-a depois ao senhor, não fazendo mais nada do que um simples sorriso. Ouço um "taranran". Os dois senhores executam um pequeno sobressalto e levantam-se. Um deles pisa a senha e quando volta a levantar o ´pé a senha já lá não está. Eu estico o braço e gaguejo. Fico a olhar para o pé do senhor a andar, com um F36 sorridente a acenar-me por baixo do mesmo. Tenho tendência a segui-lo doentiamente. Esqueço as fantasias e vou atrás do senhor. Calmamente, abordo-o, com um olho nele e outro na senhora de sorriso psicótico que está ao lado dos meus bens pessoais:
- Desculpe, pode só levantar o pé?
- Desculpe? (o seu colega faz nitidamente um grande esforço para não desmanchar a rir)
- Só preciso que levante o pé, mais nada. (dei por mim a falar à CSI, parecia que se tratava de um crime e não de uma senha)
- Mas porquê?
- É que a minha senha estava no chão, ao pé de si, e você pisou-a.
- Ahahah, a sério? Agora mesmo?
- -_-. Sim. Posso só então arrancar a senha do seu sapato? (digo isto como se uma espátula fosse precisa. Está toda a gente a olhar para mim e eu estou vermelho.)
O homem levanta o pé, eu ajoelho-me e arranco a senha que sofre mazelas durante a cirurgia. Com um sorriso, agradeço ao senhor e sigo triunfantemente para o meu lugar. Ignoro que a senha esteve 2 minutos numa sola de sapato imunda, e agarro-a com toda a força. Cinco minutos mais e deu-se o meu "taranran". Sou atendido. Saio das finanças e vou em direcção à minha mota. Tento lembrar-me do que tinha acabado de fazer e não tenho nada na memória que me indique que dei a senha à funcionária.
Meto a mão no bolso.
A senha está lá.
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