sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Hino ao Reconhecimento

Em tempos de cólera, sabe bem receber o reconhecimento, os louros de todo o esforço que fazemos por alguém no dia-a-dia. O reconhecimento, esse gajo que eu acho tão essencial na minha vida e que me queixava de raramente o receber. Desde o ínicio de 2010, tenho-o recebido de muita boa gente e por vezes de pessoas que não esperava, de todo. As saudades apertaram e aqueles que eu pensava já me terem esquecido voltaram, em grande. Aqueles que estão bem presentes marcaram ainda melhor a sua posição. Este mês está a ser complicado. Sozinho, estaria a ser um mês mau. Acompanhado, está a ser um mês complicado, mas bom. Assim, obrigado:

- Marta Garcia e Catarina Queiroz, pelo café, pela(s) hora(s) de conversa que tivémos, por puxarem por mim e me fazerem falar, coisa que eu gosto tanto em conversas de rara essência.
- Ana Miranda, por me lembrares como eu sou grande!
- David Vasques por todos os dias te observar atentamente e todos os dias ficar um pouco mais orgulhoso da pessoa em que estás a tornar.
- Rodrigo Murteira, pela irmandade, pelas idas ao nosso santuário dos milhões, pelas risadas, pelas noitadas de msn.. voltaste em grande.
- Cláudia Ribeiro, por tudo.
- Sara Coelho, pela mensagem gigante que me mandaste na despedida, por me teres ensinado grande parte das coisas que aprendi nos cinemas e por perceberes tão bem quando preciso de ti para me rir um bocadinho.
- Paulo Fernandes, por ultimamente teres sido o meu segundo paizinho, tens estado em todas as alturas, nunca me esquecerei disso.
- Joana Vasques, pela grande companhia em que te tornaste.
- Sara Queiroz, pelos miminhos e pela tarde que deu para matar tantas saudades.
- André Pires, pelas parvoíces e merdas que dizes, a vida teria outra cor se não as dissesses.
- Aos 3 Vilhenas, pela ajuda arriscada que me prestaram e por tudo o que fizeram por mim no passado, que faz com que estejam comigo agora, no futuro.
- Dama Zaida, pelo sorriso amigo que tens sempre para me mostrar e por me fazeres acreditar que tudo vai ficar bem. Ah e agora que tenho a mania que toco guitarra, não posso esquecer quem me apresentou verdadeiramente este instrumento!
- Hugo Pinto, o grande amigo ancião, aquele que mais sábios conselhos tem para dar, aquele que mais piadas tem para mandar, a melhor companhia que se podia pedir para uma noite de risada. A este grande amigo, posso também agradecer o texto que fez sobre mim e que gostava de partilhar com vocês, o mesmo publicado no único e exímio blog: http://www.hugoopinto.blogspot.com/, visitem, serão melhores pessoas se o fizerem:

 Peter O'Gonçalves




Este texto revela a minha opinião pessoal sobre o assunto, não manifestando o parecer da pessoa em questão ou de outros indivíduos.



O Pedro é uma boa pessoa. Ultimamente tenho duvidado de muita coisa, de muitas pessoas, de muitos amigos e de muitas crenças, mas o Pedro é, digam o que disserem, uma boa pessoa. É certo que revela alguns lapsos nalgumas coisas, que de vez em quando me tiram do sério, mas no geral e nas alturas certas, o Pedro é uma boa pessoa.

O Pedro é daquelas pessoas que faz tudo o que esteja ao seu alcance para ajudar um amigo seu, tal como eu exijo de um amigo. O Pedro é daquelas pessoas que sabe dar valor a um amigo, daquelas pessoas que sabe onde estar no momento certo, e, acima de tudo, uma pessoa que sabe agradecer e pedir desculpa.

O Pedro merece tudo de bom que lhe tem acontecido recentemente, principalmente no fim no ano passado e no início deste, retirou um peso de toneladas que carregava sobre as costas e abriu o coração e o espírito para coisas novas que só lhe tem dado a ganhar. O Pedro na passagem de ano embebedou-se, e é um bêbado daqueles que leva as coisas para o nível pessoal, tal como seria de esperar, do género:

Hugo – Vá Pedro, vamos para outro sítio…

Pedro – Porquê?! Eu agora quero estar aqui, eu estive quando vocês quiseram e agora não podem ficar aqui porquê?

O Pedro convidou um casal da Nazaré a ir ao seu cinema à borla, quando estes nos ofereceram maçãs à janela. Ah, e o Pedro ia sendo agredido por uma nazarena depois de eu ter apalpado o cu à rapariga e ficar a olhar para ele como se fosse ele o culpado. O Pedro é o tipo de rapaz que levava a chapada e era capaz de se rir. Debaixo de uma chuva torrencial, o Pedro subiu um banco de madeira enquanto levava com a chuva directamente na cara e no resto do corpo ensopado enquanto cantava uma música qualquer que eu agora não me lembro.

O Pedro é um alarve, mas isso não é escândalo para ninguém. Este extraordinário ser já me ouviu a masturbar uma rapariga e já me ouviu a fazer sexo. Num dos casos teve o bom senso de começar a cantar uma canção romântica, ou por estar bêbado, ou por ser assim mesmo. No outro caso simulou fielmente que dormia, fazendo os barulhos incomodativos que faz sempre que dorme.

O Pedro é das únicas pessoas do grupo que alinha nas minhas ideias completamente disparatadas, tais como decidirmos à meia-noite dormir na casa um do outro. O Pedro fez-me regressar a vontade de comer estrelitas à noite.

O Pedro está a passar por uma boa fase da sua vida e merece-o. Merecia atirar o passado para trás e recomeçar. Parabéns pela oportunidade que se abriu, e o meu desejo é que a aproveites,

Amigo.
 
 
 
Acho que estão dados os agradecimentos todos, se me esqueci de alguém, peço desculpa. Foi sem querer, aceito reclamações.
 Desculpem esta borbulha mais lamechas que tive de espremer, mas já não podia com ela...
Brevemente irei presetear-vos com mais baboseiras!
Beijos e abraços!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

"Olá eu sou o Pedro e a minha família está a beira do colapso" "OLAAAA PEDROOOOO"

A minha família foi burlada aqui há coisa de 2 ou 3 anos em cerca de 25000€, por um gordo estúpido que toca trompete e era contabilista do meu pai.
A minha família era feliz antes disto. A minha mãe tinha ataques de riso e o meu pai dizia piadas secas. Costumavam sair os dois para passear e apesar de por vezes se notar nitidamente que tinha havido uma pequena chatice, o amor entre eles era inegável aos olhos de qualquer pessoa. Hoje, assistem, impotentes, à destruição do seu casamento que começou no dia em que o senhor gordo que toca trompete decidiu armar-se em esperto e roubar dinheiro à minha família através de vários esquemas. Os meus pais vivem com sonhos frustrados que lhes pesam na díficil e pesada carapaça que transportam, mas são os melhores pais do mundo e tanto a minha mãe no meio dos trapos como o meu pai no meio dos canos nunca perderam a integridade na exerção das suas funções, sempre foram pessoas honestas e hoje podem orgulhar-se do património que construiram para um dia deixarem para mim e para os meus irmãos. Juntos e sozinhos construiram a mais bela casa em que eu já estive. Deram-me a melhor infância que eu poderia ter pedido, assim como a melhor educação e incutaram em mim os mais importantes valores.
Agora, não conseguem manter a integridade e discutem por causa de problemas originados por causa do que aquele senhor decidiu fazer. O meu pai tem provas do que ele fez, mas desde há dois anos para cá que vivemos com os tostões contados, a puxar dali e daqui, a pedir a este e àquele. Mas que sentido faz isso se nós temos provas? Para que é que precisamos da otária da nossa advogada se nós temos provas daquilo que aconteceu? Porque é que depois de pagarmos a dívida que tinhamos de 25000 € ao estado e todos os custos que o processo já exigiu, ainda temos que pagar mais 650€ e mesmo assim não sabemos se vamos ganhar e reaver o dinheiro... A minha mãe tem uma cliente que é advogada e que há pouco tempo, num caso idêntico, defendeu um senhor que fez o mesmo que o gordo do trompete e ele ganhou.. Essa senhora dorme descansada à noite? Os gordos do trompete merecem defesa depois de fazer isto? Não deveria haver uma lei qualquer que obrigasse os advogados a denunciar os seus clientes? O objectivo não é saber a verdade? Então porque é que passamos a vida a contorná-la?
No outro dia a minha mãe disse-me que está farta e cansada disto. Gritou ao dizer isto. Apeteceu-me chorar. E chorei. Se o tribunal não fizer justiça, não terei eu legitimidade para ir em busca dela? Se estes sistema de merda que encobre os filhos da puta todos tem legitimidade para os encobrir, porque é que eu e os meus irmãos não a temos para os desencobrir? Alguém me responde?
O meu pai anda nervoso e insuportável... a minha mãe insuportável e nervosa anda. Faltam-me as energias.
Ontem imaginei o dia do julgamento. Imaginei olhar o gordo do trompete nos olhos. Imaginei perguntar-lhe duas ou três coisas e depois imaginei que ele iria sair ilibado. Conseguem imaginar o que vem a seguir? Eu não quero.

Para 2010, por favor, só peço mesmo que a minha mãe volte a sorrir, que o meu pai volte a dizer piadas secas, que voltem ambos a ser o amor da vida um do outro e que nos paguem aquilo a que temos direito.

Uma borbulha que tinha de ser espremida. Para aqueles que me conhecem, não me perguntem sobre isto, façam de conta que isto é um blogue de um desconhecido.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pedro Gonçalves e a Senha Perdida

Cascais, 14:31, Pedro Gonçalves entra no Departamento das Finanças.

Com o meu capacete numa mão, a pastinha noutra e com um autêntico atentado no lábio superior que parece um aglomerado de crostas amarelas causado pelo herpes mas não é porque eu não padeço dessa irritante doença, dirijo-me elegantemente até à simpáctica máquina de senhas do estabelecimento onde estou e preparo-me para carregar num qualquer botão: o meu conjunto de movimentos elegantes é interrompido quando me deparo com dez botões para tirar dez senhas possíveis. Páro durante cinco segundos a olhar para a máquina. Olho de esguelha para trás de mim e tenho um senhor a soprar ar da boca violentamente. Pressão, muita pressão. Por cima da máquina está um quadro que explica o fim de cada senha, mas explica da forma mais eloquente, irritante e selectiva que já vi! Ao ler na diagonal lá descubro algo parecido com o que eu queria e carrego no botão.
Num movimento simples a máquina cospe a minha nova amiga, o ser que me irá acompanhar numa espera de longos e infindáveis minutos. Pego na senha, F36, e sento-me numa das 40 ou 50 cadeiras que lá estão colocadas. A primeira impressão que temos quando olhamos para este conjunto de cadeiras com pessoas sentadas a olhar todas para o mesmo sítio é que está a ser exibido um qualquer espectáculo, mas não, as pessoas estão todas a olhar para um ecrã que mostra o número em que vai cada tipo de senha e que vai passando imagens das mais belas paisagens de Portugal. O problema disto tudo é que cada vez que um tipo de senha avança um número, ecoa pela sala inteira um barulho irritante que se eu estivesse a falar descreveria como "taranran". Ora se existem cerca de 15 funcionários para 10 tipos de senhas, e cada um desses 15 funcionários não hesitam em enviar 2 ou 3 "taranrans" cada vez que o dono da senha demora mais de 2 segundos a acusar-se, o Pedro irrita-se.

Recorro então ao meu telemóvel com MP3 e ouço "tararans" bem mais agradáveis. É então nesta altura que me sento sossegadamente e tenho oportunidade de observar todo o conteúdo interessante que aquela sala contém, enquanto vão passando pela minha cabeça as divagações mais ridículas e estapafúrdias, daquelas que quando acabam, voltamos a nós, abanamos a cabeça e percebemos que estávamos a olhar para uma parede branca.
Começo então o circo das finanças:
- seja qual for o tipo de senha que cada pessoa tenha, vai sempre achar que o tipo de senha dela é o único que não avança mesmo que esta tenha constantes "taranrans" e então fazem ar de chateados, levantam-se e dão meia-volta, esbafejam e esperneiam, cruzam e descruzam a perna, abrem os braços e olham nos olhos da pessoa do lado, franzindo o sobrolho e encolhendo os ombros à procura de um sócio para aquela insatisfação;
- há funcionários que em vez de estarem agarrados ao teclado estãol agarrados à lima das unhas;
- há um senhor que não tem vergonha de olhar com ar de predador sexual para uma senhora;
- há uma rapariga dos "Morangos Com Açucar" na sala e toda a gente a olha de alto a baixo;
- suspeito que a mesma rapariga me está a tentar engatar;
- o meu capacete cai no chão e uma todas as velhotas num raio de 2 km do epicentro da queda borram as cuecas.
- há, a partir daquele momento, uma senhora que me odeia e me lança olhares assustadores pois acabei de acordar o bebé que tanto lhe custou a adormecer.
- cada vez que alguém que acabou de entrar se dirige a um dos balcões, há sempre alguém que a persegue com os olhos, garantindo que a mesma pessoa não tenta passar à frente.
- há um senhor que está a falar de negócios com outro, mas não reparam que estão a falar em voz alta, e riem-se estupidamente de piadas que ninguém percebe. Após se aperceberem que tudo olha para eles sem se rir, recompõem-se fazem silêncio.
- há um senhor no balcão atrás de mim que está a ser atendido desde que eu cheguei. Eu cheguei à meia-hora. O senhor é gago.
Acaba o circo e volto à realidade. São 15:02. Está no F34, quando eu cheguei estava no F32. Suspiro bem fundo, levo a cabeça até perto dos joelhos e passo as mãos na minha semi-careca. Ao fazer isto, dou pela falta de algo, algo que era bem bonito, que estava nas minhas mãos, uma amiga, uma companheira... A MINHA SENHAAAA!!!!!!! Em movimentos robóticos dou chapadas em todo o meu tronco, levo as mãos à cabeça e às orelhas! O meu cérebro projecta cenários assustadores em que eu estou a implorar à mais horrenda e antipáctica funcionária para me deixar ser o F36 e ela diz um "não" com voz distorcida seguido de uma gargalhada malévola.
As minhas mãos percorrem todos os bolsos da minha roupa, há vários papelinhos com textura idêntica à da senha que me induzem em erro. Apercebo-me que a senha não está mesmo comigo. "onde raio meti a senha enquanto estava a ver o circo?"
Olho para os lados. Na cadeira do lado esquerdo tenho a minha espécie de "roulotte" que me acompanha sempre. A mala do portátil, o blusão e o capacete. Começo a vasculhar nestes três elementos, desesperado por encontrar aquele papelinho quadrado e branco! Quase que deixo cair o capacete e sou automaticamente ameaçado pela senhora com criança de colo. Termino a minha busca com o blusão por cima da cadeira o capacete no chão e a mala do portátil desfigurada. Olho para o outro lado e está uma senhora sentada, cuja cara se encaixava perfeitamente no público das "Tardes da Júlia" e que tem um sorriso cínico e escondido na cara. Observo-a com um olhar ameaçador e ela não se desmancha, olho para todo o seu corpo e não há um único detalhe suspeito, mas a sua cara transmite claramente a seguinte mensagem "otário, mal ele sabe onde está a senha".
Olho para o chão, para debaixo de todos os bancos e nada. Decido ir à estúpida da máquina outra vez e carrego na senha F... F48... Engulo em seco e guardo qualquer reacção explosiva para mim mesmo. Recrimino-me e espanco-me psicologicamente: "como é que eu fui perder a senha??" aquele bem essencial para resistir a um estabelecimento da função pública, o papelinho que eu apertava com toda a força sempre, mesmo sendo no talho, ou que guardava no bolso do casaco que tem fecho-écler e mesmo assim verificava a presença da senha de 30 em 30 segundos.
A caminho de volta para o meu lugar e a pensar no que vou fazer, na 1º fila da plateia dos "taranrans" está um papelinho quadrado, do mesmo tamanho de um senha, com letras pretas e gordas, que dizem "F36"aos pés de um dos homens negócios que falam em voz alta... páro, respiro fundo, reviro os olhos, arrepio-me e preparo-me para me agachar, apanhando a senha e mostrando-a depois ao senhor, não fazendo mais nada do que um simples sorriso. Ouço um "taranran". Os dois senhores executam um pequeno sobressalto e levantam-se. Um deles pisa a senha e quando volta a levantar o ´pé a senha já lá não está. Eu estico o braço e gaguejo. Fico a olhar para o pé do senhor a andar, com um F36 sorridente a acenar-me por baixo do mesmo. Tenho tendência a segui-lo doentiamente. Esqueço as fantasias e vou atrás do senhor. Calmamente, abordo-o, com um olho nele e outro na senhora de sorriso psicótico que está ao lado dos meus bens pessoais:
- Desculpe, pode só levantar o pé?
- Desculpe? (o seu colega faz nitidamente um grande esforço para não desmanchar a rir)
- Só preciso que levante o pé, mais nada. (dei por mim a falar à CSI, parecia que se tratava de um crime e não de uma senha)
- Mas porquê?
- É que a minha senha estava no chão, ao pé de si, e você pisou-a.
- Ahahah, a sério? Agora mesmo?
- -_-. Sim. Posso só então arrancar a senha do seu sapato? (digo isto como se uma espátula fosse precisa. Está toda a gente a olhar para mim e eu estou vermelho.)
O homem levanta o pé, eu ajoelho-me e arranco a senha que sofre mazelas durante a cirurgia. Com um sorriso, agradeço ao senhor e sigo triunfantemente para o meu lugar. Ignoro que a senha esteve 2 minutos numa sola de sapato imunda, e agarro-a com toda a força. Cinco minutos mais e deu-se o  meu "taranran". Sou atendido. Saio das finanças e vou em direcção à minha mota. Tento lembrar-me do que tinha acabado de fazer e não tenho nada na memória que me indique que dei a senha à funcionária.
Meto a mão no bolso.
A senha está lá.